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    [Resenha] Sonhos Interrompidos – Gisela Bacelar e Bruna Ceotto

    Oi, gente! Tudo bem com vocês? Olhem eu mais um dia aqui!

    E hoje vou trazer a resenha de um conto maravilhoso de uma das melhores escritoras de Young Adult aqui do Brasil -na minha opinião-, a Bruna Ceotto que se juntou com a Gisela Bacelar para escrever o “Sonhos Interrompidos”, um projeto desenvolvido pela Outro Planeta, que convocou os autores da casa para escrever situações que se passam durante o isolamento social.

    Sinopse: Nessa história, a quarentena e as dores do caos são vividas e sentidas de formas muito distintas, por personagens cujas trajetórias insistem em se cruzar

    Aqui, nessa história, abre-se uma janela para as vidas de outras pessoas, que talvez os leitores não conheçam, de cuja existência eles talvez não saibam, ou com as quais eles nem tenham vínculo algum. Exceto, no entanto, por um detalhe: todos, leitores e personagens, vivem ou já viveram sob o decreto de quarentena dado pelo governo após um vírus contagioso, o CODIV-19, se alastrar por todo o mundo, adoecendo e matando milhares de pessoas. Com suas vidas transformadas pelo caos, pelo medo e pelo desespero, todos se veem teoricamente intimados a ficar dentro de suas casas, sem poder sair. Mas a ordem governamental atinge pessoas de realidades muito distintas…

    Miguel é o filho único de um casal tóxico, sendo obrigado a conviver com um padrasto abusivo e violento com a mãe. Garoto negro periférico que sonha em ser um ator de sucesso e se mudar para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, Miguel estava cheio de planos, mas então vem a pandemia. Viver em quarentena nunca foi tão difícil para o rapaz, que já não suportava a convivência dentro da própria casa e, agora, terá de ficar. E não se sabe por quanto tempo.

    A trajetória de Miguel se cruza com a de Alissa, garota privilegiada e influenciadora digital de sucesso. Como seguir mostrando aos outros sua vida perfeita, agora que essa vida não parece tão perfeita assim? Confinada em seu apartamento, sem poder contar com nada além do apoio virtual de seus fãs, ela vai precisar ajustar sua rotina. E sua visão de mundo será abalada pelo encontro com o jovem da periferia, encarregado de levar até ela as refeições pedidas via serviço de delivery.

    Em “Sonhos Interrompidos” iremos conhecer dois jovens, o primeiro Miguel, jovem negro, morador de favela e com o sonho de ser ator e no seu aniversário de 18 anos, a forma dele comemorar é fazendo um teste para uma campanha que pode abrir muitas portas para ele. Mas nós sabemos que não é bem assim, né? Após sair de lá meio desiludido com sua carreira de ator e após esbarrar com a maior influencer digital do momento, Alissa, Miguel segue rumo sua comunidade para comemorar com seus amigos, aqueles em que ele pode sempre contar, independente do que aconteça.

    Já a segunda protagonista dessa história é Larissa e seu alter-ego famoso Alissa. A jovem já passou por muitos maus bocados na vida e encontrou na mídia um jeito de fazer sua vida seguir por um caminho melhor, e funcionou por um tempo, mas todos nós também sabemos que a vida perfeita da internet está muito longe de ser perfeita na vida real e é assim a vida da nossa menina. Larissa acabou de terminar um relacionamento com o boy-lixo e precisa lidar com a iminente raiva de ter sido usada, além claro, de sentir que não tem ninguém, além da sua agente, que mais parece uma mãe, Marta.

    Não bastassem seus problemas e dilemas pessoais, Miguel e Alissa precisam lidar com uma pandemia mundial que veio para balançar todas as -nem tão fortes- estruturas dos jovens. Miguel não pode se dá ao luxo de perder seu emprego de garçom no restaurante em que trabalha, enquanto Alissa pode sim, viver bem do lado de dentro, sabendo que nada a faltará, mas isso está longe de significar que a personagem não precise lidar com o medo e a insegurança que o vírus causa em todos.

    Com uma escrita bem fluída e sabendo desenvolver bem os personagens, a Bruna e a Gisela nos contam uma história que nos faz pensar demais. Porque vejam, nós não sabemos qual será nosso último dia nesse mundo que conhecemos, tampouco o que o futuro nos reserva, o que nós sabemos é do hoje e é por ele que temos que viver, é pensando nele que devemos enfrentar todas as nossas guerras e viver o que nos é reservado.

    Terminei essa história com um quentinho no coração e com certeza pensando mais nos pesos que dou para as coisas que acontecem no nosso dia a dia. Ninguém esperava viver uma pandemia mundial, ninguém esperava alcançar a marca de 100 mil mortos por causa de um mal “invisível”, mas isso tudo está acontecendo e só nos resta saber como iremos aproveitar o que nos está sendo permitido, para que não haja nenhum pingo de arrependimento lá na frente.

    Bruna, obrigada por contar a história deles! Eu não sabia que precisava ler, até ler!

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