Olá, minhas pessoas bonitas! Tudo bem com vocês?
Hoje eu vim trazer a resenha de um dos livros que se tornou um dos meus favoritos, assim com a sua adaptação. O Ódio que Você Semeia é um livro que aborda temas importantes e nos faz refletir sobre o mundo em que vivemos e como as pessoas, as grandes autoridades e pessoas comuns, nos veem, nós, os negros.
A leitura foi feita em conjunto com o grupo literário Recifes Literários, no qual discutiremos sobre no nosso próximo encontro, que ocorreu dia 07/07, não deixe de nos acompanhar no instagram.
Sinopse: 1º lugar na lista do New York Times. Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro contra o racismo em tempos tão cruéis e extremos. Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos – no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. O ódio que você semeia é um livro que não se pode ignorar.
O ódio que você semeia (que eu vou usar a sigla THUG, que é abreviação do nome em inglês, tudo bem?) nos apresentará Starr Carter e sua vida quase que dupla, que terá uma mudança de 720° graus após ver seu amigo de infância sendo assassinado de forma totalmente inequívoca por um policial.
“Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém, minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu. Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar.”
Khalil Harris podia ser muitas coisas, até mesmo um traficante. Mas acima de tudo, era um dos melhores amigos de Starr, e quando ela viu seu amigo sendo morto pela arma de um policial que achou que o jovem portava uma arma, quando somente estava com uma escova e de cabelo e queria ter certeza que a amiga estava bem, Starr desmorona. E tudo muda.
Crescer em um bairro onde há gangues dividindo o bairro e a busca pelo poder é tão grande quanto a pelo medo, fez com Starr e todos os demais moradores soubesse que assassinatos contra jovens negros ocorriam de forma demasiada, e muitas vezes inequívoca, como podemos citar o exemplo de Khalil, mas quando foi com seu amigo em seus braços, Starr não pôde se calar. Ela precisava usar sua arma. A arma certa. Sua voz!
“É por isso que seu nome é Starr. — Ele me lança um leve sorriso. — Minha luz durante toda aquela escuridão.”
Sei bem o quanto a cor de uma pele pode pesar num julgamento, fomos criados a ter medo dos negros, fomos ensinados que preto se for rico, ou roubou, ou deu muita sorte. Mas não foi merecedor. Nunca merecedor. E ver a forma como a Angie Thomas trata o racismo, o preconceito e o pré-conceito nas variedades idades é um soco na boca do estômago. De todos nós.
“‘Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo.’”
A Starr foi uma personagem que me cativou desde o início, mesmo que ela passe por aquela fase de ser duas pessoas em dois lugares diferentes, já que morando no Garden Haigths, onde predomina as famílias negras, e estudando na Williamson, onde predomina os filhos brancos, é quase impossível você agir do mesmo modo. Gosto como ela amadureceu rápido devido as circunstâncias, mesmo que de maneira nenhuma ache que tenha sido o melhor caminho. Mas já que aconteceu, devemos permanecer nele.
“Ter coragem não quer dizer que você não esteja com medo, Starr — diz ela. — Quer dizer que você segue em frente apesar de estar com medo. E você está fazendo isso.”
Acho incrível como a autora levou toda uma situação de naturalidade para as situações passadas pelos personagens, como fez com que tudo fizesse sentido e encaixasse perfeitamente com a realidade muita gente. Sou apaixonada na criação dos personagens, se a Starr foi feita de uma maneira genial, a Angie não restringiu isso somente a ela, todos os Carters conquistaram meu coração. A força, a coragem e o amor que move essa família é de arrepiar e aquecer o coração.
Aos 16 anos achamos que vivemos no topo do mundo, até que algo nos tire de lá. Para a Starr foi a morte do Khalil, mas assim como caímos, precisamos nos reerguer. E isso fica para, além da família, os amigos. A relação da protagonista juntamente com seus amigos e namorado foi puramente bonita. E real. Quer dizer, nem tudo foi bonito. Mas, sim, tudo foi real. Infelizmente a vida não costuma ser bela todos os dias do ano, né?
“Esse é o problema. Nós deixamos as pessoas dizerem coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e normal para nós.”
THUG é claramente uma crítica velada a forma como estamos ensinando as nossas crianças a viverem, como explicado no filme, THUG LIFE é a abreviação para “The Hate U Give Little Infants Fucks Everyone” que se traduzirmos chegaremos em “O ódio que você dá as pequenas crianças f*de com todo mundo” e gente, sabe quando você escuta uma frase e ela é somente uma frase até que você perceba o real significado dela? Assim foi com Thug Life para mim. Nunca mais será mesma. Nunca.
Assim como o filme me arrepiou e me fez chorar e pensar em muitas coisas, o livro me tirou totalmente da zona de conforto e deixou questionamentos importantes. O ódio que você semeia é um livro que – mesmo – deveria ser lido por todos. A mensagem por ele transmitida é uma das mais lindas que já vi, e li. E além de linda, é real. É aplicável ao nosso dia a dia. E precisa, mais do que nunca, ser praticada.
Não podemos – não devemos! – deixar os nossos crescer em um ambiente hostil, sem tolerância e que uma cor de pele vale mais do que verdadeiramente somos. A gente vale mais. Muito mais.
“Quando se vê o quanto uma pessoa está fragilizada, é o mesmo que vê-la nua, e não tem como olhar para ela do mesmo jeito.”
Não podemos deixar que a carne mais barata do mercado seja a carne negra. Não podemos deixar que nenhuma carne de qualquer que seja a cor tenha valor.
A vida do Khalil importa. A nossa importa. A de todos nós. Sem exceção.
Pernambucana, formada em Contabilidade com especialização em romances incríveis. Aprendeu a ler aos 4 anos e desde então não parou mais. Apaixonada por praia, fotografia, livros e no seu cachorrinho. Tem aqui no blog, um cantinho de paz e é uma honra poder dividir isto com você.
7 Comments
Jessica Rabelo
Oi Mari.
29 de julho de 2019 at 13:10Esse livro é um dos meus favoritos sobre racismo, porque muito além de um problema ele levanta soluções e acho que são esse tipo de histórias que precisam ser contadas.
Fico feliz que tenha gostado. Eu também amei.
Beijos.
Fantástica Ficção
Fernanda Akemi
Essa foi uma das melhores leituras que já fiz. Também me tirou da zona de conforto e me levou a vários questionamentos. Com certeza uma leitura necessária para todos.
O filme mexeu comigo da mesma forma, meu coração ficou tão pequeno em vários momentos.
Adorei sua resenha!
bjs
29 de julho de 2019 at 14:00Viviane Oliveira
Com certeza, uma vida não tem preço e importa muito!
Interessante pensar que todo jovem realmente sente que está no topo do mundo e ser tirado dessa ilusão de forma tão dolorosa deixa muitas marcas.
AInda não li esse livro, mas lembro da resenha da Jess tb e espero aproveitar essa leitura ttão bem quanto vcs!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com
29 de julho de 2019 at 18:10Papeando Livros
Oi,tudo bem ?
Nossa, muito bom achar esse post por aqui. Assisti ao filme, gostei bastante da mensagem passada na adaptação,mas percebi que poucos estavam falando e é um Livro/Filme tão necessário. Muitos ainda vivem em uma bolha e não tem noção de quantos passam por isso. Uma ótima indicação com toda certeza.
30 de julho de 2019 at 14:23Cecília Justen
Ei! Tudo bem?
30 de julho de 2019 at 15:30Eu amei ler sua resenha, porque eu conhecia o livro, mas ainda não tinha parado para realmente saber sobre ele mais a fundo. Gostei da saber que o racismo é retratado de forma verdadeira e é incrível saber que a obra chegou no lado cinematográfico, sendo acessível a mais pessoas. Que bom que você conseguiu sair da sua zona de conforto, se emocionou e passou isso para seu blog.
Beijos!
http://www.365coresdouniverso.com.br/
Crônicas de Eloise
Ei, amei a resenha!
Quero muito ler este livro, assisti ao trailer do filme e me arrepiei. Pretendo também assisti-lo, porem quero conferir primeiro a leitura que pela sua resenha já percebo que vem com inúmeras mensagens e reflexões. É bom também conferir uma leitura que nos apresenta uma realidade, mesmo esta não sendo nada bonita, uma das muitas realidades que precisam ser mudadas e repensadas. Muito bom o fato da autora trabalhar questões importantes como racismo e preconceito.
Necessito conferir!
31 de julho de 2019 at 01:38Bjokas!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com/
Camponesa Literária
Olá, esse é um livro que ainda quero ter a oportunidade de ler, pois acho que o racismo é um assunto que precisa ser discutido.Ah, já quero assistir o filme, pois nem sabia que tinha sido adaptado. Bjusss.
2 de agosto de 2019 at 23:35