Estava arrumando meu quarto hoje, quando encontrei os documentos da minha cirurgia e percebi que daqui a pouco fazem 10 meses do dia que acordei com -5 de miopia e +0,75 de astigmatismo em cada olho e fui dormir com beeeeem menos que isso.

Do dia que, pela primeira vez em anos, enxerguei alguém com nitidez (quer dizer, mais ou menos, pois os olhos estavam cheios de lágrimas). Da primeira cirurgia da minha vida. E do 5 minutos mais aterrorizantes e abençoados dessa jornada. Do cheiro de queimado e do soro gelado. Da realização de um sonho.

Ainda hoje, me pego às vezes pensando que não, não uso mais óculos, depois de quase 7 anos.

De uma consulta de rotina no dia 15/12 vi que a cirurgia era uma opção. Que dos exames do dia 23/12, vi que estava apta. E que no dia 08/01, o plano autorizou. No dia 18/01, fiz o último exame. E no meu amado 19/01, passei mais tempo esperando do que de fato na cirurgia em si.

Mas se todo o processo foi rápido, é porque a promessa de Deus é certa. Ele honra e é no tempo certo.

E acho que jamais experimentei um sentimento tão grande de gratidão quanto no dia que enxerguei tudo com nitidez, com os olhos cheios de lágrimas depois.

Quase seis meses desse dia, me readaptando a não usar mais óculos e a ver o reflexo sem ele que era parte de mim. E gostando demais. Também, né. Impossível não gostar 🥰🤪

Quase seis meses das infinitas gracinhas dos meus abençoados e variadas perguntas sobre o que eu tinha feito, como assim eu não avisei a ninguém? eu era doida? eu estava bem? Quantos dedos tinham ali? O que estava escrito ali, na parte miúda? E afirmações que eu estava diferente, era outra pessoa, que eu precisava fazer os outros se acostumarem também 😂

De vez em sempre, tenho medo do futuro

Do que ele reserva e se vai ser tão bom quanto a gente espera. Pode parecer bobo, mas não é. O desconhecido me assusta. Saber que não tenho o controle de tudo me apavora. E me alivia também. Pois, assim, não vivo com a pressão de ser mais que 100% responsável pelo meu futuro.

Porque a gente sabe, não somos nós que ditamos como vai ser daqui a um, cinco ou dez anos. É uma soma de coisas. Nossas atitudes mais o ambiente e condições que estamos.