A recompensa de fazer as coisas mesmo com medo é viver o novo.
Particularmente, tenho minhas inseguranças e sempre que sou capaz de abrir elas para alguém, é um sentimento de vitória e de medo também. O que ela vai achar? Vai pensar menos de mim? Será que eu não deveria ter contado?
Andar de bicicleta sempre foi um desejo meu. Primeiro, porque acho muito massa sentir o vento no rosto e essa sensação de liberdade; segundo, porque é bonito – eu acho; e terceiro, porque era o que eu meu pai amava. E eu amo muito meu pai. E queria ter esse laço com ele. Ainda que façam 15 anos que eu não o veja, porque no plano superior é bem melhor que aqui.
E por muitos anos, muitos mesmo!, eu adiei essa vontade de aprender a andar de bicicleta. Até o ano passado. Com 19 anos. Pedi aos meus amigos, eles me ensinaram.
E aprendi muito, muito mais do que só a andar sobre as duas rodas.
Aprendi que quando fazemos as coisas com medo é recompensador o sabor de vitória.
Contudo, é claro que, precisamos nos expor. Precisei deixar à vista algo em que eu não era boa. Precisei mostrar meu medo de cair, de me machucar. De não conseguir.
Caí muitas vezes, voltei com a panturrilha doendo, mas aprendi.
e ontem, encarei 30km. Morrendo de medo. Mas encarei.
Teve uma hora que eu simplesmente travei. Não conseguia. Me desesperei. Quis desistir. Meus amigos olharam para mim e falaram que não, que íamos tentar e se não desse certo, voltávamos.
(spoiler: deu certo!)
E enquanto eu olhava aqueles carros passando do lado das bicicletas, lembrei de uma parte da música poema – senti um abraço forte/já não era medo/era uma coisa sua/que ficou em mim/e não tem fim –, e então, mais uma vez, eu fui. Painho estava ali comigo. Os meus amigos estavam ali comigo. A Trindade estava comigo. E eu estava comigo também. Estava com a vontade fazer, de concluir.
Deu certo. Encarei os carros e ônibus passando ao meu lado. (Quase) subi uma ladeira e a desci também e com meus amigos gritando, 2 na frente e 2 atrás, que eu estava indo bem, que era para ir mais no meio, segurar reto o guidom, freando devagarzinho e com aquele vento no rosto, um palpitar diferente no coração, percebi que não estava só. Era uma coisa dele em mim.
Enfim, cheguei no Recife Antigo, tirei as fotos e me diverti.
E depois encaramos a jornada de voltar para casa.
Nessa, não consegui chegar até o fim do percurso (dica: comam antes de sair de casa com intenção de pedalar), mas já estava mais à vontade com percurso e pensando que na próxima vez, porque é claro que teremos uma segunda – e terceira, quarta e várias outras – vez, eu concluo o caminho todo.
E se tem duas lições importantes que aprendi nessa minha jornada de ciclista (vai, deixa eu me sentir um pouquinho) : é que quem sete vezes cai, levanta oito. Com sorriso no rosto e pronta para mais uma.
E que besta é quem deixa de fazer as coisas por medo. Pode adiar – como eu fiz –, mas faça. Se aventure. E receba a recompensa.
Pernambucana, formada em Contabilidade com especialização em romances incríveis. Aprendeu a ler aos 4 anos e desde então não parou mais. Apaixonada por praia, fotografia, livros e no seu cachorrinho. Tem aqui no blog, um cantinho de paz e é uma honra poder dividir isto com você.